Foi-se embora o tio Jorge, com a voz já sossegada, mas no céu há romaria e ele puxa a desgarrada! Com noventa e quatro anos, de saber e coração, não precisava de viola — era mestre na canção! Improvisava com graça, de olhar vivo e ar sagaz, verso certo, resposta pronta, tinha alma popular! Era festa onde chegava, com palavra bem lançada, e calava muita gente com só meia quadra dada. Hoje o céu tem mais folia, mais sabor, mais tradição — porque quem canta à desgarrada não morre no coração. Tio Jorge, homem inteiro, a saudade é já canção — ficam ecos da tua voz a vibrar nesta oração.